7 de abril de 2012
Com Maria ao encontro do Ressuscitado
Este é o sentido da descida de Jesus ao Hades, a sua morte tornando-se sua vitória. E a luz desta vitória ilumina agora nosso velar junto ao túmulo:
«Ó Vida, como podes morrer?
Como te delongas no túmulo?
Mas é para destruir o poder da morte
e ressuscitar os mortos do inferno.
Tu foste depositado no túmulo, ó Cristo, tu a Vida!
Pela Tua Morte, destruíste o poder da morte,
e para o mundo, Tu fizeste brotar a vida.
Ó que alegria esta!
Ó grande êxtase pelo qual Tu
inundaste os mortos detidos no inferno,
fazendo luzir o lume em suas
profundezas sombrias!»
A vida entra no reino da morte; a luz divina inunda as trevas tenebrosas e ela brilha para todos aqueles que aí habitam, pois o Cristo é a vida de todos, única fonte de toda vida. Ele morre, pois, por todos, porque tudo que atinge sua vida, atinge a própria Vida... a descida ao Hades é o encontro da vida de todos com a morte de todos:
«Tu desceste sobre a terra para salvar Adão
e não o encontrando, ó Mestre,
tu o foste procurar até no Inferno»
A tristeza e alegria se entregam ao combate, e, agora, a alegria está a ponto de ganhá-lo. As estâncias terminaram; o diálogo, o duelo entre a vida e a morte, está no final. E pela primeira vez ecoa o hino de triunfo e de alegria: é o tropário sobre o salmo 118 (EVLOGITARIA) cantado a cada vigília do Domingo, com a aproximação do dia da ressurreição:
«A multidão dos anjos ficou estupefata
vendo-Te contado dentre os mortos, ó Salvador,
enquanto Tu aniquilavas a força da morte
e contigo Tu acordavas Adão
e libertavas todos os homens.
"Por que misturais vossas lágrimas
com a mirra, discípulos?
diziam às miróforas o anjo resplandecente
que se encontrava no túmulo.
Examinai vós mesmas o sepulcro e vede:
o Salvador ressuscitou e saiu do túmulo.»
Em seguida, vem o belo cânon do grande Sábado, no qual todos os temas deste ofício, desde a lamentação funerária até a vitória sobre a morte, são resumidos e aprofundados; o cânon termina com esta exortação:
«Que a Criação esteja na alegria!
Que todos os habitantes da terra se alegrem
pois o inferno inimigo foi despojado.
"Que as mulheres venham com seus perfumes!
Eu liberto Adão, Eva e toda sua raça.
E no terceiro dia, eu ressuscitarei.»
Desde já a alegria pascal ilumina o ofício. Nós estamos ainda diante do Cristo no túmulo, mas este nos foi revelado como o túmulo que dá a vida. Nele jaz a vida. Nele, uma nova Criação nasce e, uma vez ainda, o sétimo dia, o dia do repouso, o Criador descansa de todas as suas obras. 44A vida adormeceu, e o Hades treme" e nós contemplamos este Sabbat abençoado, o repouso solene daquele que nos devolve a vida: "Vinde, contemplemos nossa vida encerrada no túmulo. . ." Todo o sentido e profundidade mística deste sétimo dia, dia de perfeita realização, nos são agora revelados, pois:
«O grande Moisés prefigurou misticamente este dia
quando disse: Deus abençoou o sétimo dia.
Eis o Sabbat bendito, eis o dia do repouso
no qual o Filho único de Deus
descansou de todas suas obras.»
Faz-se, então, a volta à igreja, em procissão, com o Epitáfio, mas não é uma procissão funerária. É o Filho de Deus, o Santo imortal, que atravessa as trevas do Hades, anunciando o "Adão de toda a geração" a alegria da ressurreição que se aproxima; "tal é a luz da manhã que jorra da noite," ele proclama que "todos os mortos ressuscitarão, todos aqueles que jazem nos túmulos viverão e toda a Criação rejubilará..."
Nós voltamos à igreja. Já conhecemos o mistério vivificante da morte do Cristo. O Hades está vencido, o Hades treme. Aparece então, o último tema, o da Ressurreição.
O Sabbat, o Sétimo dia, conclui e completa a história da salvação, sendo seu último episódio a vitória sobre a morte. Mas, após o sabbat, vem o primeiro dia de uma criação nova, a vida nova nascida do túmulo. O tema da ressurreição começa a repicar no prokímenon:
«Levanta-Te, Senhor, vem em nosso auxílio!"
liberta-nos pelo Teu amor,
ó Deus, nós ouvimos com nossos próprios ouvidos...»
Este tema se prolonga na primeira leitura, a da profecia de Ezequiel sobre os ossos descarnados (Cap. 37): "As carcaças eram muito numerosas sob o sol do vale, e estavam completamente descarnadas." É a morte triunfando no mundo, são as trevas, a implacável e universal sentença de morte. Mas Deus fala ao profeta anunciando que tal não é o destino final do homem. Os ossos ressequidos escutarão a Palavra do Senhor e os mortos reviverão: "eis que Eu abrirei vossos túmulos e Eu vos conduzirei sobre o solo de Israel."
Em seguida a esta profecia, o segundo prokímenon retoma a mesma oração, lança o mesmo apelo: "Levanta-Te, Senhor, e liberta-nos por Teu nome!"
Como isto irá acontecer? Como esta ressurreição universal é possível? É a segunda leitura que no-lo diz (l Cor. 5:6 e Gal. 3:13-14): "Um pouco de fermento faz crescer toda a massa. . ." O Cristo, nossa Páscoa, é este o fermento da ressurreição de todos. Como sua morte destrói o princípio mesmo da morte, sua ressurreição é a penhora da ressurreição de todos, pois sua vida é a fonte de toda vida. Os versículos do Aleluia, que são também os que abrirão o ofício da Páscoa, concordam com a resposta final, a certeza que o tempo da nova Criação, aquele do dia sem noite, já começou:
«Aleluia, aleluia, aleluia!
Que Deus se levante e que seus inimigos se dispersem.
E que fujam diante de Sua Face, aqueles que o odeiam!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Como se dissipa a fumaça, eles se dissipam;
como a cera funde diante do fogo,
Aleluia, aleluia, aleluia!»
Feliz Páscoa a Tod@s
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